Velßsquez pinta esta Epifania por volta de 1619. Ela pertence α Θpoca juvenil do artista, que tinha somente vinte anos de idade no momento de levar a cabo esta tarefa.
Na obra se mostra um motivo pertencente α iconografia religiosa tradicional. A Sagrada Famφlia aparece junto dos Reis Magos. Uma paisagem ao amanhecer se abre ante os olhos do espectador. O fato de que os acontecimentos estejam retratados α noite confere α representaτπo certo ar de intimidade e mistΘrio.
Esta Adoraτπo possui uma segunda leitura. O artista retratou sua mulher na figura de Maria. Ele mesmo se inclui como um rei que se inclina diante de Jesus. A imagem do Menino se identifica com a primogΩnita do sevilhano. A crφtica quis ver no outro rei mago a pessoa de Francisco Pacheco, seu sogro e mentor. Este homem nπo foi um pintor excepcional. Mas sim uma das figuras mais destacadas da intelectualidade sevilhana. Seus escritos sobre a arte pict≤rica seriam de relevΓncia especial, pois recolhe todo um conjunto de diretrizes estΘticas muito consideradas pelos mestres do Barroco espanhol.
AN┴LISE T╔CNICA E ESTIL═STICA
A composiτπo desta obra religiosa oferece uma forte verticalidade. Trata-se de um grupo denso, muito compacto. Os personagens inundam todo o espaτo da representaτπo. Nπo se distingue com clareza o cenßrio noturno. Produz-se deste modo a recriaτπo de um ambiente um pouco sufocante. Essa sensaτπo se rompe com a inclusπo de uma paisagem sobre as cabeτas dos reis. O aparecimento da natureza tornava-se indispensßvel no tratamento que este assunto recebeu dentro da iconografia tradicional.
O sevilhano acentua os volumes de modo extraordinßrio. O modelado dos indivφduos evidencia uma importΓncia notßvel do desenho na definiτπo das formas. Esta circunstΓncia Θ fruto da aprendizagem no seio do ateliΩ de Pacheco. A gama cromßtica obedece tambΘm aos padr⌡es estΘticas ditadas por seu mestre. Daφ o predomφnio dos marrons e pardos. A obra mostra uns matizes de luz que seguem a linha avanτada por Caravaggio, embora nπo se busque causar o efeito dramßtico. O artista prefere impregnar a tela com uma luz suave, que sugere calma e intimidade.
INTERPRETA╟├O
Velßsquez exp⌡e, com seus pincΘis, um tema religioso bastante cultivado no seio da pintura tradicional. O artista Θ ainda muito jovem e se encontra em plena aprendizagem. Esta tela constitui um notßvel testemunho das suas primeiras experiΩncias artφsticas. Nela fica expressa todo um conjunto de traτos estilφsticos que denotam diferentes influΩncias pict≤ricas. A monumentalidade dos personagens e sua relaτπo com o espaτo adoecem da marca de um maneirismo tardio. A mesma coisa acontece com a importΓncia que se concede aos volumes, tratados quase como um relevo. A importΓncia concedida ao desenho Θ o fator determinante de umas formas quase escult≤ricas. O tradicional estß encarnado tambΘm no colorido empregado, muito similar ao das obras de Pacheco ou Zurbarßn. A obra deste ·ltimo mantΘm bastante afinidade com a do Velßsquez juvenil.
O fato verdadeiramente relevante desta obra consiste no tratamento concedido aos personagens. Parecem tipos populares, extraφdos das naturezas-mortas que ele mesmo realizou por aqueles anos. Desaparece a ßurea solene e distante que costuma caracterizar este tipo de representaτ⌡es, a favor do quotidiano.
